sábado, 27 de dezembro de 2008

Um tremendo P. I. em Montreal

No Brasil, um P. I. (abreviatura de programa de índio) é aquele tipo de programa em que a gente se mete e tudo dá errado. O problema do P. I. é que, em princípio, é um programa que tem tudo prá dar certo. Por alguma razão, uma variável foge ao controle e... pronto! o programão de sábado vira um tremendo P. I. Foi exatamento o que aconteceu. Hoje vivemos um autêntico P. I. em Montreal!
Era prá ser um programão: ir patinar no gelo no Mont Royal, no Lago dos Castores. Lugar belíssimo. Lu e Cláudio, um casal de amigos, nos chamaram e nós topamos. Eles inclusive tinham enfrentado a loucura do boxing day (dia de vendas após o Natal) prá comprar seus patins. Nós iríamos alugar (afinal preciso sentir se algo em mim tem alguma pretensão de aprender a patinar no gelo, antes de comprar os patins). Maravilha! O serviço de meteorologia tinha previsto dia bonito. Temperatura amena (beirando 6°C positivos!). Beleza, vamos sim! Eu estava com a garganta doendo, mas tudo bem! Processo de vestir as várias camadas de roupa, meia, cachecol, touca etc, etc, etc. Ok, vamos sair. Chegando na rua, primeiro obstáculo: escorregar no gelo até o carro. Vencido este obstáculo, o segundo foi raspar o gelo dos vidros do carro. Fácil, tinha começado a chover. Nesse momento, o Cláudio ligou dizendo que tava impossível sair de casa, pois estava tudo escorregando. E com chuva, não dava pra ir pro Mont Royal. Ah, não seja por isso! Não vai ser uma chuvinha e um gelinho na rua que vai estragar nosso programa. Passamos na casa deles e os pegamos pra irmos a um outro local de patinação que é coberto. Deixamos o carro em frente à estação de metrô e fomos de metrô (aliás, sábia decisão, senão nosso P. I. teria se agravado grandemente!). Chegando ao local, nos demos conta de que, não somente nós, mas toda a população de Montreal (e provavelmente das adjacências) resolveram fazer o mesmo, ou seja, trocar a patinação ao ar livre pelo local coberto. Respiramos fundo, sentindo um pouco a frustração, sentamos, tomamos um refrigerante e ficamos a discutir se abortaríamos a missão, se seguiríamos em frente e enfrentaríamos a fila ou se partiríamos para o plano B (que não existia). Decidimos pelo plano B. E nesse momento, ficamos alguns momentos traçando o plano B: cinema? pra ver o quê? em francês ou inglês? compras? com que dinheiro? comer? o quê? E foi nesse momento que decidimos ir comer donuts em Laval, uma cidade perto de Montreal. O P. I. começava a ganhar forma! A Lu falou que não estava se sentindo bem, que tava tendo uns calafrios. Pensando agora, friamente, acho que era um aviso. Pegamos o metrô de volta, entramos no carro e fomos em direção a Laval. Ao chegarmos ao shopping, nos deparamos com a mesma sensação que tivemos na pista de patinação: todos resolveram ir ao shopping. E de carro, pois achar uma vaga foi quase um milagre! Mas achamos. Descemos do carro e... patinamos no gelo. Sem patins! Tudo bem, chegamos ao shopping. Dudu e Cláudio começaram a sentir uma moleza esquisita. Decidimos comer algo, pois poderia ser fome. Deixamos os donuts prá sobremesa. Comemos, conversamos e então... vamos aos donuts. O local não era dentro do shopping, mas era próximo. Num dia de sol, sem gelo no chão, é até perto. Mas, como nosso programa foi uma corrida de obstáculos, prá chegar ao local desejado tínhamos que descobrir qual era a saída do shopping mais próxima prá a gente não ter que andar na chuva e escorregando no gelo. Depois de 3 ou 4 tentativas, achamos. Que maravilha, só atravessar um trecho de estacionamento e... voilà! Ok, mais patinação sem patins. Ah, mas ao chegarmos, como valeu! Degustamos gratuitamente donuts quentinhos, dissolvendo na boca! Compramos outros, comemos e resolvemos ir embora. Decidimos fazer o mesmo caminho por dentro do shopping, pois nosso carro estava do lado oposto. E aí... Demos com a cara na porta. O shopping aqui fecha às 5 horas aos sábados e domingos. Tivemos que andar pelo estacionamento até o carro. Ora patinando, ora enterrando o pé na neve, ora afundando o pé nas poças d'água. Demoramos um tempinho prá acharmos o carro. Quando o encontramos, não havia mais nenhum outro carro por perto e toda a área à sua volta estava coberta de gelo. Como fiquei prá trás, pois, como já disse, preciso saber se algo em mim tem condições de aprender a patinar no gelo, resolvi esperar que viessem me buscar onde estava, pois dali só sairia sentada. Enfim, voltamos. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Ninguém caiu. Lu, Cláudio e Dudu voltaram sentindo-se mal. Eu voltei como saí: com a minha dor de garganta. Mas foi tudo muito bom. Com bom humor, a gente aproveita mais a vida. E, como diz o ditado, tudo está bem quando tudo acaba bem! O nosso P. I. foi DEZ!!!

4 comentários:

Bel disse...

Ah, Suze, eu tive que rir! Fiquei imaginando a cena, e vc dizendo que "só sairia sentada". Deus me guarde de um P.I. desses!!!

Bjo e um final de ano de paz pra você!!!

Unknown disse...

Ahahahahah! É sempre bom ter um PI pra contar Suze. Como você sabe, eu tenho váaaarios.
Que saudade!!!
Beijos
Sil

Suzane disse...

Pois é, Bel! É pra rir mesmo, porque chorar não dá nenhum resultado. Rir é sempre o melhor remédio!!!
Beijão e um ano novo cheio de realizações pra você e seus queridos!

Suzane disse...

Ah, Sil, escrevendo esse post lembrei muito de você, pois saber contar P.I.'s é com você mesmo! Também sinto muitas saudades de ouvir seus "causos" e de tudo o mais!
Beijo grande. Te amo!