sexta-feira, 31 de outubro de 2008

La Migraine

Já estou bem! Mas quem me conhece sabe que sou chegada a umas enxaquecas, né? Pois é, há umas duas semanas atrás tive a enxaqueca, aquela que a gente não esquece jamais! Talvez (e tenho quase certeza) tenha sido o frio, pois peguei uma chuvinha fina e gelada no dia em que fui fazer o teste teórico para a carteira de motorista - é isso mesmo, fiz o teste com uma baita dor de cabeça! E passei!
Mas isso não vem ao caso. Quero falar mesmo é da situação com que me deparei: aqui você não compra qualquer medicamento sem receita médica. Tudo o que tinha na prateleira da farmácia e que podia ser vendido sem receita eu tomei: paracetamol e iboprufeno. Tomei também o que trouxe do Brasil, a famosa Neosa (dipirona, não vi por aqui). Nada. Parecia que estava comendo balinhas.
Quase desesperada, fui a uma farmácia e pedi prá falar com a farmacêutica. Ela me disse que sem receita só poderia me indicar o iboprufeno. Nada.
Em desespero, liguei para o seguro de saúde que fiz no Brasil. A atendente disse que em vinte minutos alguém me ligaria de volta. Aguardei. Aproximadamente vinte minutos depois me liga um cara de Miami falando português com sotaque espanhol. Me pergunta o que eu tenho e de novo explico a epopéia da enxaqueca. Ele então me diz que vai localizar ou um médico prá me atender em casa ( já eram mais de 9 horas da noite) ou uma clínica próxima de casa onde pudesse ir.
Em estado de quase total desespero, me imaginei saindo de casa àquela hora da noite, naquele frio e sem carro! Não precisou. O rapaz e Miami me ligou e disse que o médico iria à minha casa e chegaria dentro de uma hora.
Não tô brincando não! Exatamente uma hora depois, o médico tocou a campanhia. Fez as perguntas de praxe (em francês, né?), colocou uma luz nos meus olhos, me mandou tocar o nariz com a ponta do dedo indicador, me mandou andar na ponta dos pés e nos calcanhares, até que chegou finalmente ao diagnóstico: enxaqueca! Não diga (quase falei)! Muito atencioso, passou dois medicamentos e preparou-se para sair, dizendo que providenciasse o remédio no dia segunte, pois àquela hora não havia farmácias abertas - a que encontraríamos era muito longe, o que encareceria bastante.
Em estado de desespero total, perguntei: e agora, como é que eu durmo essa noite? Ele disse que nada poderia fazer. Em outras palavras, sobreviva a esta noite.
Bom, prá resumir a história, passei a noite com a Neosa e uma pomadinha chinesa na testa. Sobrevivi. No dia seguinte, Dudu comprou os remédios. Um fez efeito de MM. Mas o outro... Que bomba! Tomei, apaguei e acordei sem dor! Esse não sai mais da minha bolsa.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

É neve, galera!!!

Já faz alguns dias que a meteorologia anuncia neve em Montreal, mas eu mesma ainda não tinha visto. Já estava até achando que neve em Montreal era lenda urbana, não existia de verdade e me enganaram direitinho!
Mas ontem à noite, Dudu olhou pela janela e disse: "olha como a chuva está forte!" Eu olhei em seguida e falei: "a meteorologia anunciou neve prá hoje à noite; será que não é neve?" E fomos olhar mais de perto (da janela, bem entendido). Era neve, galera!!! Branquinha, caindo na rua, nos carros, nas árvores, linda!!!
Bom, na verdade, olhando assim ela caindo, parecia que tinham tocado fogo em algum mato e o vento estava levando as cinzas. Mas como caiu uma quantidade suficiente prá acumular, ficou tudo branquinho.
Hoje saímos e quando estávamos voltando prá casa também nevou. Mas desta vez parecia mesmo cinzas levadas ao vento, pois nem chegou a molhar o chão, foi muito fraquinha. Caminhando de volta prá casa, víamos ainda restos de neve acumulados na grama. Prá falar a verdade, parecia que todo mundo tinha resolvido descongelar o freezer e jogar o gelo na rua. Era gelo de geladeira! Aquele branquinho que se forma nos congeladores convencionais. Meio decepcionante.
Já o frio, bem este não dexou nada a desejar: já começou a mostrar suas garras. Eu e Dudu saímos de casa parecendo dois terroristas: só os olhos de fora, assim mesmo porque tínhamos que olhar o caminho, porque a vontade era de cobrir os olhos também. Teve uma hora que eu desejei estar de burca!!!
Bom, é isso. A neve não é lenda urbana e o frio é daqui prá pior. Mas a gente se acostuma. E acaba fazendo um boneco de neve!

sábado, 18 de outubro de 2008

Amigos, a gente encontra!

Acabo de chegar de um encontro de casais da Igreja Luz Para as Nações. Não é um encontro convencional e nem tampouco foi só prá casais, embora a palestra tenha sido dirigida a casais. Mas foi ma-ra-vi-lho-so!!! Além de ouvirmos uma palestra ótima, por um pastor português, tivemos uma confraternização muito legal depois, quando trocamos mais experiências e... rimos muito! Sim, no final, quase 11 horas da noite, saímos em grupo prá pegar o metrô! E vou confessar uma coisa: somente um grupo de brasileiros prá me fazer rir como ri agora há pouco. Estava realmente sentindo muita falta disso - um grupo prá poder chamar de amigos. Tudo bem, ainda não decorei o nome de todos, mas é só uma questão de tempo. Já posso chamar de amigos.
E essa questão de fazer amigos é uma coisa que me deixava meio prá baixo. É que de vez em quando me lembrava dos amigos que deixei em Salvador, em Aracaju e até os do Rio e ficava pensando: será que vou ter amigos por aqui? Sim, vou. Acho que já comecei a tê-los. E é, prá mim, mais uma prova de que Deus está, a cada momento, preparando meu caminho, seguindo na minha frente, abrindo as portas.
"Amigos, a gente encontra. O mundo não é só aqui. Repare naquela estrada, a que distância nos levará!"
E, meus amigos de Salvador, de Aracaju e do Rio, não pensem que esquecerei de vocês! Jamais! Amigo é o tipo do tesouro que dá prá juntar aqui na terra!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ana e Antônio

Sabe quando você está na expectativa de se mudar prá um lugar que você não conhece e onde você não conhece ninguém e, além de tudo, nesse lugar não se fala a sua língua? Era assim que a gente estava quando Deus colocou no nosso caminho um casal maravilhoso - Ana e Antônio.
Ana é minha prima, não me pergunte em que grau! Mas isso não interferiu em nada quando ela soube que nós estávamos de mudança prá Montreal e se ofereceu prá nos receber em sua casa. E ela não só nos recebeu como também esperou conosco numa fila sem tamanho prá fazermos a carteira da assistência médica, pois era necessário a sua presença para confirmar que estávamos residindo em sua casa, caso contrário teríamos que esperar até termos nossa casa, o que poderia ter atrasado o processo em um mês!
Ana e Antônio nos levaram pra ver alguns apartamentos e nos diziam se era ou não bom prá nós. Alguns o Antônio nos dizia que nem valia a pena perder tempo em olhar, pois o lugar não era legal. E quando encontramos o nosso apartamento, o ideal pelo tamanho, localização, preço, eles vibraram conosco pelo achado.
Mas tinha que haver um senão: o apartamento não estava livre, ou seja, o inquilino iria sair no final do mês de setembro. Isso significava que ainda esperaríamos quase três semanas prá podermos nos mudar. E mais uma vez Ana e Antônio nos acolheram: ou seja, ficamos na casa deles por quase um mês inteiro!
Não! Não é toda hora que você encontra gente assim no seu caminho. Cada um pode pensar como quiser, mas eu acredito na Providência Divina - foi Deus que colocou esse casal em nosso caminho e agradeço a Ele por isso. E peço que Deus continue derramando bênçãos sobre eles.
Ana e Antônio, muito obrigada por tudo!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sem comentários!!!

Gente, como sou principiante nesse negócio de blog, fiz uma besteira: não estava habilitada a permissão de comentários nas postagens seguintes, somente na primeira! Então minha consultora, Dra. Anabel, me instruiu e eu estou tentando corrigir o problema. Mas se eu publicar as postagens de novo, sairá da ordem cronológica, então, caso alguém queira deixar um comentário sobre as postagens ateriores (exceto a primeira), pode fazê-lo nesta, indicando a qual postagem está se referindo, ok?
Daqui prá frente, tudo vai ser diferente!

Só no Canadá!

Gente, hoje recebi uma carta do governo de Quebec me comunicando da minha inscrição no curso de francês para imigrantes. Vai ser um curso de 6 horas por dia, de segunda a sexta e, além de não desembolsar nada, ainda vou receber! É isso mesmo, vou estudar de graça e vou receber dinheiro prá estudar. E claro que não é muita coisa, mas observemos a lógica: é difícil arrumar emprego bom sem um bom conhecimento da língua. Então, o governo promove o curso, me ajuda financeiramente prá que eu consiga subsistir até acabar (três meses) e depois disso só não vai trabalhar quem não quer, porque emprego tem e muito - mas precisa saber falar bem o francês e muitas vezes o inglês. Como o inglês prá mim não é problema, aprendendo bem o francês minhas chances sobem! Fiquei mais animada! E depois desse curso vou fazer outros, pois adquirir uma formação profissional daqui é muito importante e me insere no mercado de trabalho. E prá esses cursos também eu posso solicitar uma ajuda financeira, caso precise. Pois é, gente, aqui só é vagal quem não quer nada, pois até prá quem gosta de video-game tem emprego de testador de video-game!!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Fazendo amigos

Chegar num lugar diferente, montar uma casa, procurar emprego, fazer compras - nada disso é tão importante quanto fazer novos amigos. Ontem (domingo), eu e Dudu fomos a uma igreja de brasileiros e acho que foi mais um passo importante que demos no nosso processo de integração. Lá conhecemos outras pessoas que passaram ou estão passando pela mesma situação que nós, ou seja, estar longe da família, não ter emprego, ter que aprender uma nova língua (ou duas!). E o acolhimento foi tamanho que fomos convidados para o almoço de Ação de Graças hoje. E fomos, é claro! E foi ÓTIMO!!! Hoje nos sentimos entre amigos - amigos que nos fizeram rir, que nos deram conselhos, que nos deram dicas importantes de como sobreviver ao primeiro inverno!!! Hoje comecei a acreditar que vai dar certo, porque começamos a fazer amigos. E vou confessar uma coisa: fiquei com inveja de Maurício, quando Zai me contou que lá em Nova York se sentiu como se estivesse no Brasil, tal foi o contato com brasileiros. Então, mais que depressa busquei encontrar-me com brasileiros. E deu certo. Hoje estou mais feliz, mais confiante e sei que terei com quem passar o Natal e o Ano Novo, pois como tá todo mundo sem família, a gente forma a família dos desfamiliados!!!
Obs: Maurício é filho de Zai e mora em Nova York. Zai foi visitá-lo no mês passado. São nossos amigos de Salvador.

sábado, 11 de outubro de 2008

Desmontando uma casa e montando outra

Gente, nunca pensei que desmontar uma casa fosse tão difícil! E olha que no Brasil a gente pode doar um bocado de coisas que sempre tem gente prá receber. Mas a quantidade de coisas de que eu tive que me desfazer foi demais! Como a gente guarda coisa inútil!!! Algum tempo antes do desfazimento final, já tinha começado uma limpeza no sótão. Eu tinha guardado as provas das crianças, desde a primeira série! Quando eu vi que tinha que me desfazer, André me falou: "mãe, prá quê você guarda tudo isso se você nunca vem olhar?" É verdade, a gente guarda com pena de jogar fora, mas é preciso um pouco de razão prá entender que guardar uma coisa ou outra como recordação, vá lá, mas aquele montão de coisas só iria encher de poeira e traça. Joguei tudo fora e só guardei os diários, porque são textos deles.

Bom, desmontada a casa, é hora de montar a outra, prá onde não pude
trazer muita coisa, por motivos óbvios! E essa outra tem orçamento reduzido! Bom, estamos fazendo o melhor que podemos com móveis baratos, promoções e eletrodomésticos usados. Acho que tá ficando bem legal (vejam fotos no meu orkut)! De vez em quando me lembro de algum utensílio que eu tinha e que não trouxe. Analiso a necessidade e compro ou não. Se vou comprar, procuro primeiro no Dolarama, uma loja onde tudo custa 1 dolar (mais as taxas). Se não acho lá, reanaliso a necessidade e só compro se não puder passar sem ele!!!

Bom, é isso! Já começamos a juntar coisas por aqui, mas agora aprendi a lição: só guardo aquilo que pretendo olhar pelo menos de vez em quando. O importante é guardar as recordações no coração, onde há espaço prá um montão de coisas e muito mais!!!

Vida de cigano!

Muita gente me perguntou por que estava me metendo nessa empreitada de vir morar no Canadá. Eu respondia: "minha vida parece que começa a criar pó, então tem que sacudir a poeira!"
É isso! Quando me casei com Dudu me mudei de Salvador pro Rio. Achei que iria ficar por lá, mas 6 anos depois tivemos a oportunidade de nos mudar prá Aracaju. Sem mais delongas, arrumamos as malas e... Aracaju, aqui vamos nós! Doze anos depois, os filhos já morando em Salvador (sacudiram a poeira antes de nós), arrumamalaê, que nós vamos embora... prá Montreal!!!
Confesso que, de vez em quando, achava que auqela mudança era um sonho, que no final não iria acontecer e a gente iria ficar inde estava. Mas aconteceu! Cá estamos. E agora que aconteceu de verdade, estamos sentindo um misto de excitação e ansiedade.
E a saudade? Ai, dessa eu nem posso falar! De vez em quando me dá um aperto no coração, choro, me pergunto o que é que eu tô fazendo aqui e depois passa. Olho prá frente e vejo que tenho que ter coragem pra enfrentar essa nova vida, pelo menos até que chegue a hora de me mudar de novo! Sim, essa possibilidade estará sempre presente! Pelo menos até o dia em que eu arriar as malas em Salvador!